Borges e a Internet
Há quem considere que a Internet começou em 1983, quando se passou do protocolo NCP para o TCP/IP, ou quando foi aberta ao público em 1993 com acesso livre à World Wide Web. Também a Ethernet, desenvolvida em 1973 na Xerox e a Arpanet que funcionava desde 1969, ligando centros de investigação, disputam um lugar nesta discussão.
Embora haja quem discorde da comparação entre a "biblioteca infinita" imaginada por Borges e o ciber-espaço, existem vários ensaios que consideram ter sido Jorge Luís Borges o verdadeiro percursor da Rede. Em 1957 postulou pela boca de um dos seus personagens a existência de "...lugar donde están, sin confundirse, todos los lugares del orbe, vistos desde todos los ángulos". Esse lugar, chamado Aleph, permitia ver e consultar todas as coisas existentes, ou todo o conhecimento do mundo. Mas ainda antes, em 1941, dizem que em Mar del Plata, havia começado a pensar em volumes portentosos de informação: "El universo (que otros llaman la Biblioteca) se compone de un número indefinido, y talvez infinito, de galerías ..." Além disso, compreendeu que o debate principal, quase o único debate que vale a pena ter em relação a semelhante invento é a sua provável infinidade e dispersão: "La Biblioteca es una esfera cuyo centro cabal es cualquier hexágono, cuya circunferencia es inaccesible". Não há, na vasta Biblioteca, dois livros idênticos: "La diversidad absoluta de los contenidos es la condición que se sigue de aquella infinidad; pero además:" "Ya se sabe: por una línea razonable o una recta noticia hay leguas de insensatas cacofonías, de fárragos verbales y de incoherencias" Quem é que navegando habitualmente, não encontrou sítios insensatos ou de informação no mínimo duvidosa? Já os meios de comunicação, compreendendo este problema, começaram a vê-lo como uma oportunidade comercial: cobrar por informação altamente hierarquizada. Quem inventou o Internet Explorer não sabe que Borges, previu também uma possibilidade para administrar a Biblioteca: "Hay buscadores oficiales, inquisidores". E que não nos surpreenda o termo inquisidores, pois sabemos que há bastantes denúncias feitas sobre o manuseamento abusivo de dados, que o público vai largando enquanto navega.
Embora haja quem discorde da comparação entre a "biblioteca infinita" imaginada por Borges e o ciber-espaço, existem vários ensaios que consideram ter sido Jorge Luís Borges o verdadeiro percursor da Rede. Em 1957 postulou pela boca de um dos seus personagens a existência de "...lugar donde están, sin confundirse, todos los lugares del orbe, vistos desde todos los ángulos". Esse lugar, chamado Aleph, permitia ver e consultar todas as coisas existentes, ou todo o conhecimento do mundo. Mas ainda antes, em 1941, dizem que em Mar del Plata, havia começado a pensar em volumes portentosos de informação: "El universo (que otros llaman la Biblioteca) se compone de un número indefinido, y talvez infinito, de galerías ..." Além disso, compreendeu que o debate principal, quase o único debate que vale a pena ter em relação a semelhante invento é a sua provável infinidade e dispersão: "La Biblioteca es una esfera cuyo centro cabal es cualquier hexágono, cuya circunferencia es inaccesible". Não há, na vasta Biblioteca, dois livros idênticos: "La diversidad absoluta de los contenidos es la condición que se sigue de aquella infinidad; pero además:" "Ya se sabe: por una línea razonable o una recta noticia hay leguas de insensatas cacofonías, de fárragos verbales y de incoherencias" Quem é que navegando habitualmente, não encontrou sítios insensatos ou de informação no mínimo duvidosa? Já os meios de comunicação, compreendendo este problema, começaram a vê-lo como uma oportunidade comercial: cobrar por informação altamente hierarquizada. Quem inventou o Internet Explorer não sabe que Borges, previu também uma possibilidade para administrar a Biblioteca: "Hay buscadores oficiales, inquisidores". E que não nos surpreenda o termo inquisidores, pois sabemos que há bastantes denúncias feitas sobre o manuseamento abusivo de dados, que o público vai largando enquanto navega.
Sobre o tema, ler também o excelente artigo "O Conhecimento e A Memória" de Frederick Montero.
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